Dirigia pela cidade, mais precisamente pela Marginal Pinheiros, quase chegando na Tietê, quando um fato me intrigou. Antes do fato, é preciso uma explicação: meu pai me ensinou que um bom motorista sempre olha mais a frente do que precisa, afinal dirigir é acima de tudo estar precavido de um possível acidente. Pronto, agora vocês entenderam melhor o fato.
Dirigia, lá pelas 21h, quando percebi que alguns carros sumiam na minha frente, uma frente, como disse, a uns 250 metros. Os carros simplesmente desapareciam, eram engolidos pelo asfalto. Mais a frente ainda, via a cidade caindo, como se um grande buraco se abrisse.
Consegui chegar em casa ileso, não faço ideia como, sinceramente. Até porque todos, no meu caminho, eram engolidos pelos vãos pretos. Assim que cheguei, obviamente entrei na internet, liguei a televisão e fui procurar saber o que acontecia. Um helicóptero voava sobre a cidade e a reportér dizia, incrédula, que os diversos buracos da cidade estavam cada vez maiores e a cidade estava caindo em um imenso vão. Cenas inacreditáveis e, ao mesmo tempo, cinematográficas.
Achei que era um sonho, assim como vocês devem estar achando. Pensei que fosse alucinação, mas não era. Era real. Os principais portais brasileiros tinham manchetes como “São Paulo engolida” e “Metrópole desaparece em um grande vão negro”.
A verdade é que desses buracos a única coisa que escapava ileso eram os motoboys, aliás, eles saiam dos buracos. Algumas reportagens diziam que as pessoas só conseguiam sair do tal buraco negro de motocicleta.
Enfim, não quero me alongar, mas a verdade é que desse dia em diante, resolvi parar de pensar sobre os buracos e agora vivo dentro dele e nem percebo.
SÃO outros PAULOs 